...um pouco de história!

Massa Crítica

Em 1992 o intelectual ciclista, que para sobreviver tinha desenvolvido
um sistema de visitas turísticas de bicicleta por São Francisco nos
lugares históricos do movimento dos direitos humanos e do movimento
sindical, se uniu à São Francisco Bike Coalition que promovia a
mobilidade urbana baseada nas bicicletas. Daquele encontro nasceu a
Critical Mass, a Massa Crítica.

O nome Critical Mass deriva de um estudo feito sobre a mobilidade das
bicicletas nas cidades chineses, onde não existe sistema de regras de
trânsito nem uma presença significativa de semáforos. Da falta de
direito de preferência se chegava à conclusão de que as bicicletas
eram capazes de passar por um cruzamento muito transitado só quando a
quantidade das mesmas alcançava um ponto crítico, uma "massa crítica"
de fato, capaz de parar o fluxo de caminhões e de automóveis.

Desta conclusão nasce a percepção de que também as bicicletas fazem
parte do trânsito, mesmo se o trânsito é automobilístico, e que devido
à consciência dos motoristas, estas tinham sido expulsas fisicamente
das ruas. Esta invisibilidade era absoluta nas mentes dos planejadores
urbanos: todas as placas de trânsito, que eram pagas também com os
impostos dos ciclistas, eram unicamente dirigidas aos automobilistas;
os sinais de trânsito, a ausência de ciclovias ou ciclo-faixas, os
passos de montanhas sobre pontes, os estacionamentos: tudo era pensado
essencialmente para os automóveis e as bicicletas entravam sempre como
uma eventualidade ou variação para os projetistas.

A inauguração de uma ponte na baía de São Francisco, onde era proibido
o trânsito aos ciclistas, deu origem no mês de setembro de 1992 à
primeira "massa crítica". Os ciclistas se organizaram autonomamente e
decidiram pôr nas próprias mãos seus destinos: um grupo de ciclistas
passou a ponte e deu início a um desafio com as autoridades.

O modus operandi do Critical Mass é simples: ir de bicicleta todos
juntos, levando a velocidade de deslocamento normal das estradas aos
limites naturais da pedalada.

Visto que mover-se em âmbito urbano de automóvel já comporta viajar
sempre com uma velocidade inferior em respeito à velocidade de um
ciclista, é assim que as tentativas dos automóveis de superar a massa
compacta de bicicletas não causava aos mesmos tantas frustrações pela
tenaz capacidade dos manifestantes em construir este muro de
ciclistas. Isso é resultado da mesma lógica de que pretende fazer com
que todos os automóveis viajem muito velozes. A mobilidade
automobilística generalizada, hoje estabelecida na sociedade baseada
sobre o desperdício, é por si mesma impossível: o próprio número de
automóveis impede qualquer possibilidade de deslocação rápida, para
não falar do problema de estacionamento.

O próprio modo da ação do Critical Mass o põe em relação com
movimentos como Reclaim The Streets, Provos e Car Busters. Todos estes
movimentos podem ser considerados variáveis da mesma crítica social
desestruturada e não-ideológica, se por ideologia significa um sistema
rígido e acabado em todas as suas partes.

Das origens de São Francisco, o movimento difundiu-se nas principais
cidades americanas e européias, para depois ampliar-se aos demais
países onde os danos causados pelo automóvel só agora começa a ser
enfrentado como um problema social.

Na Massa Crítica não há um porta-voz, não há estruturas organizativas,
os percursos são decididos pelos mesmos participantes, assim como os
eventuais conteúdos. Mas em geral pode-se dizer que a Massa Crítica
deixa que os fatos falem por si mesmos: se espontaneamente uma massa
de ciclistas ocupa as ruas e impõe o seu ritmo, isto é mais do que
suficiente. Quem quiser entender alguma coisa, entenda. E cada
participante pode estar presente por um motivo qualquer: desde a
simples vontade de estar junto com os outros ou por uma reivindicação
de maior espaço para os ciclistas até o pedido de abolição definitiva
do automóvel dos centros urbanos. Qualquer que seja o motivo - o
ciclista está sempre em luta com o equilíbrio precário das duas rodas
e com a violenta arrogância dos motorizados - finalmente o podemos ver
quando reivindica a sua própria existência. Mas desta vez em Massa.

Fonte: Coletivo Folha (www.geocities.com/coletivofolha).

2 comentários

Anônimo mod

vamos andar de bicicleta !!!!

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Pessoal, além de reproduzir a história "gringa", que tal contar um pouco da Bicicletada no Brasil e principalmente em Porto Alegre?

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