Estacionamentos de bicicletas: paraciclos e bicicletários

O objetivo deste texto é esclarecer sobre a nomenclatura utilizada para os diferentes tipos de estacionamentos, pois a banalização da nomenclatura "bicicletário" vem causando grandes confusões, tanto no âmbito de políticas públicas quanto na iniciativa privada. Os termos aqui utilizados foram definidos em encontro técnico, realizado em março de 2000 em Brasília-DF.

Incentivo ao uso da bicicleta: O êxito na implantação de uma ciclovia, visando a mobilidade da bicicleta, fica comprometido se o usuário deste meio de transporte atingir o seu destino e não encontrar facilidade e segurança para estacionar. Esta constatação já existe desde as primeiras edições do Manual de Planejamento Cicloviário (GEIPOT/Min. dos Transportes), em 1976, que complementa: "Atualmente, os ciclistas encontram apenas duas opções: encostar a bicicleta às paredes laterais das lojas e muros de residências, ou prendê-las com o pedal ao meio-fio da rua...". Não fosse a informação sobre a data dessa publicação, diria que referia-se aos dias de hoje.

O espaço de uma vaga de bicicleta: As bicicletas, ao contrário dos demais veículos, necessitam de pouco espaço para estacionar. Uma vaga de automóvel corresponde a cerca de seis a dez vagas para bicicletas.

















Ilustração comparando o espaço bicicleta X carro.



Diversos arranjos podem ser realizados, o que o define é o objetivo do estacionamento e a criatividade do projetista.

Sendo assim, a solução para problemas decorrentes da inexistência de paraciclos é simples, bastando, em muitos casos, suprimir uma ou mais vagas nos estacionamentos destinados aos automóveis. É importante que essas vagas estejam localizadas o mais próximo possível do local de destino dos ciclistas, ou seja, devem estar, quando possível, próximas de esquinas ou próximas de grandes pólos atrativos de viagens da população, como cinemas, lojas de departamentos, etc.

Estacionamento do tipo PARACICLO

Os paraciclos são caracterizados como estacionamentos de curta ou média duração (até 2h, em qualquer período do dia), com até 25 vagas (correspondente à área de duas vagas de automóveis), de uso público e sem qualquer controle de acesso.

A facilidade de acesso constitui uma das principais características dos paraciclos. Em virtude dessa condição, devem se situar o mais próximo possível do local de destino dos ciclistas, e também do sistema viário ou do sistema cicloviário.

Dentre os fatores fundamentais à garantia da maior sensação de conforto dos ciclistas, cita-se como essenciais os seguintes: visibilidade, sinalização, elmentos de projeto do paraciclo e adequação em número de vagas.

A visibilidade é aspecto essencial à garantia de um estacionamento rápido dos ciclistas. O uso de pintura com cores vivas é um dos aspectos favoráveis. Iluminação noturna também é importante.

A sinalização deve ser executada, quaisquer que sejam as condições de visibilidade. É imprescindível a colocação de placas indicativas (preferencialmente observando o padrão vigente - consulte o órgão responsável pelo trânsito na sua cidade, ou o Manual de Planejamento Cicloviário).

No projeto dos paraciclos, deve-se evitar o uso de soluções complexas com as quais a população não está acostumada, como travas especiais e encaixes não-comuns. Também no projeto, deve-se considerar a necessidade do ajustamento do número de vagas, conforme a demanda. Tanto é prejudicial o excesso quanto a falta de vagas.































Exemplos de paraciclos.


Estacionamento do tipo BICICLETÁRIO

Os bicicletários são caracterizados como estacionamentos de longa duração, grande número de vagas, controle de acesso, podendo ser públicos ou privados.

Muitas das exigências definidas para implantação dos paraciclos são também necessárias à organização dos bicicletários. Uma das diferenças significativas em relação aos paraciclos, além do tempo da guarda, são os picos de movimentação dos ciclistas - aspecto fundamental a considerar na elaboração do projeto, pois interfere diretamente no dimensionamento dos acessos e da circulação interna do próprio bicicletário.

Os bicicletários devem ser, preferencialmente, cobertos, vigiados e dotados de alguns equipamentos como, por exemplo: bombas de ar comprimido, borracheiro e, eventualmente, banheiros e telefones públicos.

Se os paraciclos se caracterizam por serem gratuitos e pulverizados nos espaços urbanos, os bicicletários, devido aos seus custos, somente se viabilizam no caso de utilização intensa por grande número de ciclistas. Nesse caso, admite-se que sejam pagos, mesmo aqueles localizados em áreas públicas.

(Texto e ilustrações adaptados da obra Manual de Planejamento Cicloviário, GEIPOT/Ministério dos Transportes, 2001.)

4 comentários

Anônimo mod

Parabéns Cristiano, legal a iniciativa de relembrar o assunto.
O que eu notei como excepcional foi a atitude do Continental Shopping em São Paulo - SP, que disponibilizou um "paraciclo" que quase é um "bicicletário", com apoio, segurança e gratuito.
Gostaria que outras entidades tomassem coragem para fazer o mesmo e colaborar conosco na nossa batalha diaria por nossos direitos.

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Anônimo mod

Cristiano,

Muito legal a contribuição. Irei linkar no blog com alguns complementos! ;)

Agora a foto do paraciclo é terrível. Esse é o pior modelo possível. Onde o ciclistas só consegue prender a roda e corre o risco de deforma-la com um simples esbarrão.

abs

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Oi pessoal!
Sou uma recente ciclista e "ativista da bicicleta". Tenho agumas idéias e gostaria de conversar com os veteranos na defesa do uso da bicicleta como transporte urbano.Por favor, entrem em contato! Obrigada,
Cristiana
Cristianalosekann@terra.com.br

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Oi Cristina,

Tudo meio parado por aqui, estava completamente sem tempo!Legal saber que mesmo assim ainda tem pessoas que entram...
Idéias são sempre bem vindas!
E pessoas novas tbm, principlamente se são ciclistas e ativistas!
Vc pode me add no seu msn, ninki_1@hotmail.com, aí a gente marca um papo ou até mesmo uma pedalada!ok?

aguardo o teu contato, ninki

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