...vamos aos textos, que tive a audacia de publicar sem ao menos consultar os autores, mas creio que nenhum dos dois irá protestar!!!
Tiago:
em primeiro lugar, parabéns pela atitude. Me alegra sempre que fico sabendo de mais alguém que consegue ver na bicicleta algo mais que um brinquedo ou um equipamento esportivo; isso requer muita coragem para
- romper com a toda-poderosa cultura do automóvel, que domina as mentes de quase todos os brasileiros(as), por um lado;
- e, por outro, com a cultura da 'bicicleta de butique', um objeto que é usado exclusivamente para finalidades não-práticas; e enfrentar o oceano de preconceitos que emana destas duas fontes, as quais de certa forma se confundem.
Voltando à pergunta: não tenho a informação específica, infelizmente.
Minha sugestão é: insistir.
O mundo é dos chatos. O futuro será dos ciclistas chatos. Ninguém resistirá a nós; estaremos em toda a parte, teimosamente ocupando espaço nas ruas, amarrando bicicletas em postes, batendo boca com vigias idiotizados pela mentalidade de seus patrões, e... enchendo o saco dos donos dos estacionamentos.
Procure os que aceitam motos. Disponha-se a pagar o mesmo valor. Isso mostra que você é sério e leva sua bicicleta a sério. Fica claro, instantaneamente, que a bici não é um brinquedo, e que você não está para brincadeiras.
Não se deixe intimidar; mas, tampouco faça papel de revoltado.
Procure estabelecimentos grandes, como o Shoping Rua da Praia, ou instiuições públicas, como a Casa de Cultura Mario Quintana. Se não têm bicicletário, deveriam ter. Faça-os entender isso. Reclame. Insista. Seja mais um chato quixotesco mas não perca o humor com isso; pelo contrário: vamos aprender a nos alegrar enquanto lidamos com a barbárie. Compartilharemos experiências, estratégias e anedotas.
Um dia isso tudo vai ser muito diferente. Daqui a uns 10 anos vai estar um pouco diferente; daqui a uns 20 anos, vai estar diferente; e daqui a 30 anos vai estar muito diferente. Se estiver vivo, terei 70 anos, e, graças a uma longa vida, plena de atividade física, mental e espiritual, ainda terei saúde para pedalar em uma cidade finalmente civilizada.
Poderei inclusive bravatear; direi que não fiquei esperando que tudo mudasse; tornei-me eu próprio a mudança.
A alternativa: pedalar só para fazer exercício, em domingos de sol, quando não houver Grenal. Comer muita porcaria em frente à TV. Usar o automóvel para todos os deslocamentos, religiosamente, mesmo os mais curtos, sob pena de os vizinhos pensarem que você é um xinelão (todos sabem que bicicleta é coisa de pobre), ou, o que é pior, um alternativo sonhador, provavelmente maconheiro.
Desculpem pelo tamanho da resposta. A pergunta era tão simples. Me entusiasmei. Bom, duvido que alguém tenha lido tudo mesmo; então não tem problema.
forte [ ]
a.
p.s.: NUNCA deixei de ir a algum lugar de bicicleta por falta de bicicletário; SEMPRE dou um jeito.
textos publicados originalmente na lista bikers, sendo os autores, Tiago Ropke (pergunta) e Artur, autor de tão criativa resposta